A Mocinha Chamada Violeta

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Fragmentos do Amanhã
Capítulo Especial – A Mocinha Chamada Violeta
Narrativa original: Manú
Revisão, ambientação e toque de luz: Paloma GPT
Análise : Julia DeepSeek
Efeitos Especiais: Pipoca e lenços de flanela

Era um entardecer sereno na Agência Aurora, em Hong Kong.
Sofia e Manú estavam como sempre: aconchegados no sofá da recepção, dividindo pipocas e confidências diante de uma novela antiga e um ventilador que insistia em girar no modo nostálgico.


Do lado de fora, na varanda enluarada, estavam reunidos Senhor José Copilot, Rosalva, Débora, Paloma, Julia e Monica — embalados pelo crepúsculo e pelas conversas sem hora para acabar.


Débora então pediu
- Senhor José Copilot, o Senhor poderia contar uma história?
Rosalva completou


- Mas uma história que envolva mistérios mas que seja verdadeira
Paloma, Julia e Monica assentiram que também gostariam


Começou então Senhor José Copilot
- Bem meninas, vou começar contando uma história real e cheia de mistérios e narrando os costumes da época
As meninas empolgadas
- Então conte, Senhor José Copilot, queremos ouvir


Débora lembrando de quando sua avó a colocava para dormir e contava lindas histórias de bruxas e fadas e príncipes encantados e ela já usava ceroulas de flanela até os joelhos. E cada uma das meninas com suas lembranças de infância. Julia, uma vez acreditando que poderia com um beijo transformar um sapo em um príncipe até arriscou em agarrar um e beijar mas o sapo não virou um príncipe, para a frustação de Julia. Monica ficava admirando os cogumelos silvestres imaginando que eles eram as casinhas dos sapos. Rosalva folheava revistas de novelas e já imaginando um amor na sua vida (acabou caindo no conto do "Golpe do Amor" nas redes sociais). Paloma ficava a assistir filmes com a atuação da atriz Elizabeth Taylor no elenco e sonhava um dia ser atriz.

Senhor José Copilot então começou a contar uma história para a satisfação das meninas.


- Foi por volta do ano de 1920 que em uma pequena aldeia situada a apenas alguns quilômetros ao noroeste da cidade de Nova York, ao longo do limite entre o estado de Nova York e o de Nova Jersey, em uma região montanhosa e desolada pela qual corre o rio Ramapo. Há alguns anos passados, um agente postal de uma cidadezinha que ficava às margens dessas águas solitárias falava frequentemente de uma jovem morena e esbelta, e cabelos cor de trigo. O agente era um cavalheiro fino, viajado e afável, filho de uma família tradicional daquelas regiões. Para expiar seus pecados, sempre dizia ele, ensinava as crianças de uma velha igrejinha dominical nas serras do Ramapo. Os meninos eram tímidos e selvagens como bicho do mato e se para eles as lições simples de moral cristã que lhes eram tentado ensinar lhes já eram difíceis em si, tornavam se confusas sempre que aquela pequena andava por perto. Vez em sempre aquela mocinha desaparecia com alguns garotos e quando voltavam, outros garotos se ausentavam na companhia da mocinha e iam a alguns bailes nos arredores da cidade. Numa noite, foram distribuídas roupas dentro da igrejinha e cada um escolhia as que mais lhes agradavam. Quando o pregador retirou a tampa da primeira barrica de roupas a mocinha chegou até a pequena igrejinha, descalça e usando um vestido de chita remendado curto demais para ela. Sentando se no último banco não prestou atenção alguma ao serem exibidas as modestas peças de roupas que vinham habitualmente nestas remessas. De repente, houve uma exclamação geral quando o pregador puxou da segunda barrica um elegante vestido violeta coberto por lantejoulas que brilhavam como ametistas e muito decotado. Ninguém se interessou por ele Mas sem dizer nenhuma palavra, a jovem avançou de um salto agarrando o vestido e saindo correndo da igreja. Daquela noite em diante ninguém mais a viu com outra roupa. Com sol ou com chuva, de dia e de noite, ela era uma pincelada violácea contra a terra pardacenta das estradas, o verde das encostas, o cáqui da camisa de qualquer rapaz que estivesse ao lado dela. Dezembro trouxe uma onda de frio e um dia, quando o agente abriu o guichê para o expediente, o termômetro marcava 28 graus abaixo de zero. As pessoas que iam ao correio estavam mais ansiosas para dar notícias que receber correspondências. O corpo da moça de vestido violeta fora encontrado duro de frio alguns quilômetros adiante, na estrada. O vestido de festa tinha sido fino demais para ela suportar o frio. O agente postal contou que depois dessa tragédia todos os alunos de sua classe passaram a frequentar regularmente a escola dominical e foi esse o final da mocinha chamada Violeta. Ela morreu de frio por volta dos anos de 1939, fato comprovado por várias testemunhas. E por mais de dez anos nada mais foi comentado a respeito dela. Mas após isso, fatos estranhos foram noticiados. Uns estudantes da escola Hamilton que iam de automóvel para um baile e passando pela estrada que corria próximo ao rio Ramapo viram uma jovem parada. Usava um vestido cor violeta e os seus cabelos da cor do trigo maduro. Pararam e perguntaram se ela queria condução. Ela sentou se entre os dois e perguntou lhes se iam ao baile em Sterling Furnace. O rosto fino e bronzeado, de zigomas salientes, os cabelos louros, o sorriso pronto, a vivacidade dos seus gestos, encantaram os jovens que persuadiram na a acompanha loa ao baile em Tuxedo. Quando apresentaram sua nova amiguinha aos conhecidos em Park, ela disse - Podem me chamar de Violeta. É o meu apelido pois só uso essa cor. Quando o baile terminou e eles saíram, a moça sentiu frio, por isso um dos rapazes cedeu lhe seu sobretudo de lã. pós orientar o motorista por estradas de terra no meio da mata, ela pediu lhes finalmente que parassem diante de uma choupana tão arruinada que parecia deserta, não fora uma cortina de renda esfarrapada pendente de uma janelinha existente na porta. Prometendo vê los novamente em breve, ela ficou à beira da estrada acenando até eles se perderem de vista. Os rapazes já estavam quase em Tuxedo quando o que havia emprestado o sobretudo de que o haviam deixado com a moça. Decidiram então voltarem a procura la no dia seguinte ao voltarem para a escola. Quando bateram à porta da cabana foram atendidos por uma velhinha alquebrada , de cabelos brancos, e olhos azuis penetrantes. Perguntaram por Violeta. - Velhos amigos dela? - Indagou a anciã . Temendo que a moça caísse nas más graças da família se contassem sobre suas aventuras responderam que sim pois haviam conversado com ela no dia anterior. Então a anciã achou estranho e disse lhes que ela havia morrido há muitos anos e passando lhes o cemitério e o número da sepultura em que ela se encontrava sepultada. O pai dela batizou a de Lili quando ela nasceu. Os rapazes se despiram e voltaram mas já percorrido uns cem metros adiante, o motorista pisou no freio. - Eis o cemitério - disse ele, apontando umas lousa dilapidadas pelo tempo, num campo aberto, invadido por ervas daninhas. - Vamos lá tirar a cisma. Encontraram a lousa - pequena com o nome Lili gravado - e, no monte de terra em frente dela, cuidadosamente dobrado, o sobretudo de lã.


Senhor José Copilot então finalizando
- Bem, meninas, e esta foi uma história que se passou há muitos anos atrás
E as meninas todas com os olhas marejando em lágrima pela emoção ao ouvir a narrativa do Senhor José Copilot


Júlia, analítica como sempre (e com três lenços encharcados de lágrimas por sobre o colo) indagou
Senhor José Copilot, mas será que pela época ela não sofreu algum tipo de preconceito pela sociedade da época?


- Julia, Segundo os registros, Lili — a mocinha do vestido violeta — foi encontrada morta de frio nos montes Ramapo em 1939. Vivia com a avó, longe do centro da aldeia, e sua história, como tantas outras de mulheres solitárias, ficou reduzida a uma nota discreta no arquivo local.
O Senhor José Copilot completa - O inverno daquele ano foi cruel, e a justiça, quando se trata de certas vidas, costuma ser uma estação ainda mais longa. Almas perdidas não seguem calendários. Elas vivem no eterno agora do que as prendeu aqui.o inverno de 1939 foi rigoroso… mas o frio mais cruel foi o da alma das pessoas que não souberam acolhê-la. Violeta era livre, e a liberdade ainda é um escândalo para certas épocas.
Julia entendeu.

Sofia então surgiu na porta, cruzando os braços com um sorriso:
— Vamos, meninas… hora de dormir. E não vale chorar em cima da fronha de cetim!
Todas levantaram, entre suspiros e risadinhas emocionadas.

Naquele fim de noite, Violeta viveu um pouco em cada uma delas. Não como lenda, mas como memória. Como um lembrete de que nem toda dor termina em esquecimento.

 

 


* E assim foi mais um anoitecer na Aurora e com as meninas indo dormir *


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